EMMANUEL ARRUDA
( Paraíba – Brasil )
Emmanuel Conserva de Arruda nasceu na Paraíba, em Princesa Isabel, cidade conhecida por sua revolta em 1930 contra o governo estadual.
Historiador pela Universidade Federal da Paraíba, desenvolveu pesquisas sobre o período colonial e imperial.
Também e escritor, poeta e fotógrafo. Apaixonado pela cultura nordestina.
Membro da Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço – ABLAC, e do Conselho Consultivo Alcino Alves Costa – Cariri Cangaço.
NOVO DECAMERON. Antologia poética. Org. Rodrigo Starling, 2021. 235 p. ISBN 978-65-994-783-7-6-1
Ex. bibl. Antonio Miranda
AMPULHETA DE SANGUE
O tempo em espirais
Leva o pó da esperança
Com nuvens e vendavais
Cala o sol com sua dança
Os dias não voltam mais
Resta a cal da lembrança
A vida e os caracóis
Se arrastam em movimento
As desilusões são anzóis
Cravados no pensamento
Rasgando os finos lençóis
Onde dorme cada lamento
És como relógio de areia
Que se mede na descida
Medida que não se freia
Já não pode ser detida
O sangue desce na veia
Dessa ampulheta da vida
EU DEIXEI FLORES
Preste atenção por onde andei
Mas não veja só minhas dores
Pois nos lugares em que passe
Também por lá deixei flores
Tive alegrias e tive tristezas
Mas também muitos amores
Na porta que não me foi aberta
Também por lá eu deixei flores
Quando a chuva menos caía
Secava lágrima e faltava cores
No pardo deserto que surgia
Também por lá eu deixei flores
Nas mãos de quem oprimia
E nos causava tantos horrores
Na esperança de mudar um dia
Também por lá eu deixei flores
Observa também teu caminho
Sinta seus dulcíssimos odores
Pois nele não estavas sozinho
Também por lá eu deixei flores
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Página publicada em dezembro de 2021
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